quarta-feira, 21 de julho de 2010


No que você estava pensando quando fez tudo àquilo comigo?
Onde estava sua mente, seu coração?
Que diagnóstico você da para si mesmo a respeito de tudo isso?
Eu segurei você, eu lutei por você, pra tentar te fazer feliz todos os dias, para que você vice em mim tudo que esperava de uma pessoa, pra tudo aquilo que sonhamos e dissemos um para o outro fosse real, fosse verdadeiro.
Eu dei tudo de mim naqueles dias em que você sumia.
Eu te procurei durante as madrugadas, enquanto você dormiu tranqüilo em alguma cama desconhecida.
Eu virei tempestade em copo d’agua, eu virei ventania e chuva forte, pra ver se você acordava, se assustava e abria os olhos.
Quando eu desisti, você se declarou da forma mais inocente que conseguiu, me deixando abalada, e sem saber o que fazer.
Você disse tudo o que ‘sentia’, pra fazer com que eu ficasse.
Eu quis ficar, quis fugir, quis esquecer, quis relembrar.
Tudo doía. Até o amor que você dizia que sentia, doía em mim.
Depois, tudo igual.
E eu continuo aqui, sozinha com você do lado, chorando escondida, e doendo.

terça-feira, 20 de julho de 2010




Maquiada com ar de quem sofreu, por amor.

terça-feira, 13 de julho de 2010


E agora que chegou à hora de dizer adeus, eu queria tanto dizer vem pra cá.
Você tirou de mim tudo que eu escondia em algum lugar da alma, fez-me sorrir o riso mais sincero, e derramar a lagrima mais dolorida.
Por tantas manhãs eu sonhei em acordar dentro do seu carro, com o sol batendo em nossas caras e corações, fazendo nos amanhecer.
Cativou meus carinhos, que eu nem sabia mais como os fazes. Roubou um pouco da minha alegria, e me fez mais triste por isso. Pediu emprestada a minha confiança, como um cristal frágil e delicado, você esqueceu que podia quebrar. Quebrou.
Juntei com cuidado os pequenos cacos de vidro, que de hora em outra faziam pequenos arranhões nos meus dedos de gesso, que sem mais vida, não derramaram qualquer líquido avermelhado.
Você quis ser filho, quis ser homem, quis ser menino, e eu não pude entender, não consegui acompanhar você, e fiquei perdida e confusa no meio de tantas cenas e mascaras que usava.
Como uma criança indefesa, escondi-me atrás das cortinas, onde você no palco vivo e brilhante se apresentava faceiro.
Desnorteou minha bússola, para que eu não voltasse para casa. Pegou minhas chaves, e disse que não existia mais lar, só você.
Eu quis acreditar, eu aprovei de todos os sonhos e promessas, e deixei que muitas delas se perdessem e se esquecessem no meio dos lençóis.
Busquei sentir compaixão e tentei fazer com que meus braços te abraçassem quando você me deixou em casa. Mas a pequena lagrima que você derramou não me convenceu a esquecer todas as águas que meus olhos fizeram cair por você.



P.S.: Imagem do filme 'Amantes Constantes'.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Corações em Descompasso


Ela se bastava a acreditar que um dia, futuramente, talvez amanhã, as coisas mudariam.
Não era uma questão de sobrevivência, já que ela conseguia muito bem e até melhor do que pensou, e imaginou um dia, respirar sem ele ao seu lado. Até se sentia, com um pouco de culpa por se sentir assim.
Às vezes era amor, puro amor. Olhava nos olhos dele e sentia o mais brilhante amor que se pode sentir, até os olhos transbordar e deixarem cair sem querer algumas pequenas gotas de sal.
Às vezes era rancor, era magoa, era aquele gosto que fica na boca depois de um grito de dor, depois de um choro soluçado; aquele amargo do sangue, o amargo dos lábios quando não se sente mais vontade de beijar.
Muitas outras vezes foi alegria, foram momentos de sorrisos mudos, ou gargalhados estridentes. Foram imagens de filmes, frases de poemas, e musicas como trilha sonora.
Hoje, já nem se sabe o que é, e o que se sente.
Amargamente suas bocas se cruzam em alguns momentos do dia, mas não levam nenhum sentimento para deixar nos lábios um do outro.
Talvez sejam as mãos grandes, e o colo que ela, pequenina, ganha algumas vezes. Aquele rosto serio, mas com aqueles olhos pequenos e inocentes. O cabelo quente e o cheiro que ele tem; o sorriso de criança, as piadas, o jeito chato que ele tem de fazer graça, rindo sempre quando ela tenta falar serio. Mas ele ri da própria cara de seria que ela faz, e desse jeito, a conversa sempre fica pra depois e depois.
Mas é alguma coisa nisso tudo, que meche profundamente com ela.
A cidade pequena, os dias parecidos, as pessoas, as conversas, o cotidiano. Ela se acostumou com tudo aquilo, e parece ser tão difícil mudar.
Ela sente aquele vazio ainda. Aquele vazio que não passa com os ponteiros do relógio, que não passa com aquele beijo mal retribuído, com lábios mal tocados, não passa com as brincadeiras com o irmão; só passou uma vez em sua vida, e ela sabe quando, onde, e com quem.
Mas saber de tudo isso agora, é o mesmo que se não soubesse de nada mais. Ou até pior, por saber e não poder correr até lá, até ele, até aquele abraço que deixou um sentimento que chega a ser mais que saudade em seu peito.
Já não lembra de como é sentir algo por alguém que faça querer mais que a própria vida.
Mas sente uma vontade imensa de senti-lo novamente.
É algo alem de tudo que não a deixa querer ser livre.
Chegou tão perto muitas vezes, mas aquele medo a impediu. Aquele medo de estar sozinha novamente, de não ter alguém pra dividir aquele tempo, aquelas palavras, aquele cigarro...

quarta-feira, 7 de julho de 2010


Não me prendo a nada que me defina. Sou companhia, mas posso ser solidão. Tranquilidade e inconstância, pedra e coração. Sou abraços, sorrisos, ânimo, bom humor, sarcasmo, preguiça e sono. Música alta e silêncio. Serei o que você quiser, mas só quando eu quiser. Não me limito, não sou cruel comigo! Serei sempre apego pelo que vale a pena e desapego pelo que não quer valer... Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato. Ou toca, ou não toca.

Clarice Lispector.