quarta-feira, 30 de junho de 2010


...e eu nunca vou esquecer da sinuca de bico que era você!



Sempre pronta pra me escutar, e me compreender em tudo. Sempre presente dentro do meu dia, ali ao meu lado mesmo estando tão distante fisicamente.
Passava-me sempre as musicas certas, nas horas certas falava as palavras certas, beijava do jeito certo, amassava o meu cabelo, e enrolava fio por fio, delicadamente e deliciosamente da maneira certa.
Jogava na minha cara, todos os porres que tomei, todas as vezes que joguei nossa historia pro alto e deixei cair no chão.
Tinha o sorriso certo pra sorrir, a mão certa pro carinho, a cara amassada certa pra acordar depois das três da tarde de um domingo.
Tratava-me do melhor jeito possível, mesmo me deixando sempre pra baixo.
E um dia, jogou tudo fora, e sorriu do lado errado da caçapa. Duvidou que eu conseguiria sozinho. Duvidou que eu faria aquela bola. Não confiou no meu taco, na minha mão, na minha vista grossa.
Deliciosamente me enfrentou, ganhou tudo de mim, me ameaçou e me deixou por um triz, numa sinuca de bico.
E eu perdi. Covardemente e fraco que sou, pois não consegui deixar de olhar pra você, da forma que sempre te vi... Como a pessoa certa.





Ela estava sentada num banco de madeira, marrom e sem vida, na rodoviária da sua pequena cidade. Estava gelada, a noite carregava um vento frio com ela, e um ar de desesperança.
Ela sentia muito por tudo, e sabia que desta vez seu sorriso jeitoso e um tanto quanto mentiroso, não iria ajudar em nada.
Sabe, é muito difícil domar certas atitudes e sentimentos às vezes, e é preciso ser muito forte pra escondê-los. Ela nunca conseguiu esconder nenhum sentimento, quando se sentia triste e deprimida, não precisava muito para que suas lágrimas já se espalhassem e alagassem seus olhos e rosto. O mesmo acontecia quando esta exaltadamente feliz, e seu riso vinha aos lábios, como um raio de sol forte no meio dia.
Ela nunca soube amar as pessoas, nunca soube como deveria se comportar perante tal momento. Sabia que sentia, mas não sabia senti-lo. É complicado, estranho, e tão humano o erro. Mas ela não queria estar errada, e tentava de toda e qualquer maneira, enquanto acendia e fumava um cigarro angustiado, a deixar sua mente livre de qualquer culpa. Mas nem sua mente acreditava em tal sentença.
Foi quando ele chegou, arrasado, pequeno e com olhos de magoa. Foi como arrancar-lhe todos seus sentimentos e amasa-los em câmera lenta. Ela sentia muito, sentia tanto, sentia tudo. Pediu um abraço, e a dor só aumentou...
Ele negou tudo, até o abraço, negou o amor, com olhos de quem amava, negou o beijo, com o coração de quem ainda beijava, negou o resto da vida, com lábios de quem queria casar.
Ela estava sentada num banco de madeira, marrom e sem vida, na rodoviária da sua pequena cidade, quando descobriu, que o amava mais que tudo em sua vida.
Um pouco clichê, um pouco banal e terrorista, mas sincero e como o abraço gostoso e aconchegante de um colo de mãe...

terça-feira, 29 de junho de 2010

Incompleto



... E são essas pequenas coisas que me fazem perceber que estamos no caminho certo.
Aqueles momentos ao sol depois do almoço, você rindo do meu cabelo bagunçado, enquanto eu tento te contar sobre minha noite mal dormida.
Aquelas pintas no canto da tua boca, que sorri mais do que teu próprio sorriso...
Você chegou até mim como uma tempestade chega, derrubando arvores, espalhando folhas e telhas, engolindo o sol... Mas ao mesmo tempo, me entupiu com sua doçura, seus gestos de cuidado e proteção, que me embalaram durante tantas noites até o sono tranqüilo.
São as simples semelhanças que temos que cuidadosamente nos enganam a ponto de acharmos que somos iguais.
O teu humor chato, que quase me mata de rir num momento, e quase me mata de raiva em outro.
Você me deixa confusa e sem rumo, como se a estrada sumisse, e eu tivesse que construir meu próprio caminho.
E talvez sejam por todas essas coisas, tão fracas, tão humanas, tão felizes e solitárias, que eu goste tanto de você, hipopótamo.


Não que ela tenha alguma duvida de como gostaria que fosse seu presente. Às vezes as coisas não ocorrem bem, mas ainda assim, de alguma maneira sem jeito e fracassada, ela consegue deixar tudo no lugar. É um dom que ela tem, de ajeitar tudo, com calma, e aquele sorriso jeitoso, pedindo pra tudo ficar bem. Mas, mesmo assim, ainda existem algumas lembranças, que a chegam como um vento suave do meio do ano; e lhe traz pequenas paginas da sua própria vida, que ela deixou pra trás. Aquele garoto, aquelas pessoas que ela mal conhecia, as fantasias, e rosto pintado, as crianças correndo pela calçada, o cheiro da pipoca, da rapadura, o cheiro dele, aquele olhar que a fitava, e que a paralisava por vários e intermináveis instantes. Ela lembra disso, e sente um frio na espinha, como se o tempo não tivesse conseguido apagar a intensidade daquele momento.
Ela sente falta daqueles dias, daquelas pessoas, que ela mal conheceu.
Fica pensando como seria sua vida, se tivesse continuado aquilo que tinha começado naquele tempo. Como seria tudo agora.
Sente um aperto no peito, sente vontade de viver aquela tarde, de viver novamente aquelas palavras, aqueles abraços, aqueles olhos.
Sabe que certamente, nunca mais haverá em sua vida, algum momento como aquele. E sabe mais certamente ainda, que nunca mais seria igual.. Se tivesse uma segunda chance, se a vida a achasse merecida disso, não seria nada como antes.
Momentos e sentimentos como aqueles, só acontecem e se sentem uma vez na vida.
Esta tudo bem agora, ela ainda se lembra das promessas que teve e que fez. E sabe muito bem que quebrou todas elas.
Mas como o vento passando sobre a calçada, levando as folhas secas embora, ela deixa levar seus pensamentos e lembranças pra longe, mas guardando-as com cuidado em seu coração.